terça-feira, 14 de julho de 2009

Drogas e paz.

Ontem estava vendo os telejornais e me deparei com uma notícia que me causou espanto: a morte de um jovem de 21 anos envolvido no tráfico de drogas.
A partir dessa notícia comecei a refletir sobre um assunto: a legalização do uso e do tráfico de drogas.
Este tema pode ser debatido sobre quatro aspectos: a) jurídico e social; b) moral e místico.
Sobre o aspecto jurídico e social entendo que o contexto do direito brasileiro, a Constituição da República de 1988, não encontra nenhum óbice à legalização do uso e do tráfico de drogas. Não há nenhum dispositivo constitucional cujo espírito seja a proibição das condutas do uso e do tráfico de entopercentes ilícitos. Desse modo, pelo texto constitucional há possibilidade de se permitir o uso (já permitido no direito pátrio) e o tráfico de drogas.
Sobre a questão social é interessante que sejamos práticos neste ponto. As drogas são mais uma substância que leva o ser humano à dependência de um vício. Exemplos de outros é o álcool, o cigarro, os refrigerantes, as roupas de uma vitrine, os celulares, os carros do ano, enfim, um conjunto de coisas que escravizam a mente e o corpo humano, deixando-os na servidão e vício dessas substâncias ou coisas. O fato do álcool, do cigarro, dos celulares, enfim, dos outros exemplos mencionados prejudicarem a saúde do ser humano a longo prazo não retiram a natureza de, no mínimo, causar dependência ao homem e a mulher. Sob o aspecto social, as drogas seria então mais um produto de consumo. Seria?
Quanto ao aspecto moral é triste constatarmos que houve uma falência de nossa sociedade no que diz respeito aos valores e princípios que formam o ser humano. Já não há mais regras que conseguem frear as volúpias de homens e mulheres integrantes disso que se denomina sociedade. O direito há muito tempo não é mais um instrumento de impor conceitos morais e éticos. Ao contrário, o direito serve a sociedade, posto que as mudanças jurídicas acompanham os fatos sociais e suas exigências. E isto não significa que as mudanças nas normas sejam para aprimorar um conteúdo moral mas, sim, para atender a um reclamo existente no seio da sociedade. Enfim, o direito é um resultado dos anseios da sociedade e não mais um instrumento que serviria para conter os ânimos e desejos, ainda que imorais, dos grupos humanos sociais. A legalização é questão de tempo.
Por fim, o aspecto místico é o que me causa mais assombro. Não consigo dissociar a ideia da omissão da sociedade, pela permissão ou não do uso e do tráfico de drogas, da figura de Pilatos, este que teve a oportunidade de libertar Cristo mas preferiu deixa-lo ao julgamento da sociedade hebraica e ser morto na cruz. Sei que seria melhor legalizar o tráfico de drogas, pois a violência instalada no país em decorrência do tráfico já passou do incontrolável e vive-se uma situação de terror em muitas localidades do país. Sei que o Estado faliu e perdeu esta guerra civil e não há alternativa a não ser a legalização de direito, posto que a de fato é existente. Mas, ainda que essas ideias sejam verdadeiras, existe algo superior a mim que me diz o contrário: há um grande erro. E este pecado, cometido não por mim apenas, mas por todos nós, é o pecado da nossa pequenez, da ignorância, de não saber o que fazer e ainda imaginar que o sabemos. Enfim, este erro assombroso, de se permitir uma série de coisas, incluindo aí o uso e o tráfico de drogas, ou não se permitindo, atesta a ausência de algo dentro de nós que nos fazem aproximar de uma natureza animalesca: a ausência de sabedoria. Mas, ainda que sejamos irracionais inconscientes, buscando ou dormindo por algo misterioso, é melhor poupar vidas, deixar inocentes viverem, e legalizar o tráfico de drogas e por fim a esta guerra existente em nosso país. Quem sabe, com a legalização, alguma mente brilhante, ou um espírito sábio, consiga viver e não ser atingido por uma bala perdida e nos aponte o caminho da verdadeira plenitude do ser humano: a paz.
Tomem este café.

Por Edmond Dantes.

7 comentários:

  1. Meu caro Dantes, o senhor nao acha que legalizar seria mais uma forma de provar a falência e PRINCIPALMENTE a covardia e impotência do Estado de Direito e da sociedade em enfrentar seus problemas? E nao seria uma forma também de a moral e o direito estarem se curvando diante da doença, quando na na verdade deveria ser o contrário?

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  2. Sim, meu caro Tiradentes, estou acusando a falência do direito e da sociedade, não há mais o que ser feito. É duro admitir isto, mas é a verdade. Não é pelos nossos princípios e entendimento que faremos o mundo. Este é um conjunto de diversas e diferentes individualidades. Foi nos dado o livre arbitrio aqui, na terra. Mas no Paraíso não. Ainda bem que não. Assim, pense se não é melhor salvar a ti mesmo e, desse modo, atingir ao Criador para entender o propósito da criação, a ficar aqui tentando estabelecer a sabedoria em mentes ignobeis. "Vinho novo em odres novos, pois se colocar vinho novo em odres velhos, este arrebentará com a força do vinho novo." - algum lugar do novo testamento.
    Tome este café e fique em paz.
    Edmond Dantes.

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  3. Considero que salvar apenas a mim mesmo seria uma forma de egoísmo. Nao podemos desistir só prq as circustâncias dizem q nao conseguiremos. O Supremo Mestre quando passou por esta terra disse: Não ha maior demonstração de amor do que esta: alguem dar a vida pelos seus amigos!" Ele disse isso num contexto em que explicava o agrande amor com que nos amou, ou seja, uma sociedade perdida. e mesmo tendo a natureza tao corrompida qto a nossa, temos ensinamentos que dizem q podemos apenas tentar mudar o mundo. Eu fiz isso qdo tentei conspirar contra a falida política portuguesa na época. O resultado vc ja conhece, mas não me arrependo., afinal todos temos que tomar desse café na vida. Abraços e estimas!
    Tiradentes

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  4. Ouvi falar da sua perda em prol da sociedade nos livros de história. Fui perseguido também pelo regime ante-napoleão e lá, na prisão, um padre me salvou. Mas ele me deu conhecimento. Entendo isso que falou. Mas, espero sim que se salve para salvar a todos, pois estamos todos condenados. O Mestre tinha esse poder. Somos nem iniciados. O Mestre deu a vida. Nos não temos uma vida para entregar, porque esta é Dele. Então, salve a ti mesmo e salve o mundo, pois será menos um cruel entre nós. Mas permaneça na sua fé, porquanto possa estar errado e o importante é ficar em paz.
    Tem mais café?

    Edmond Dantes.

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  5. Tem sim. Concordo com o exposto: nossa vida pertence a Ele! Podemos pelo menos tentar salvar a vida enquanto sociedade, pois a vida eterna nao temos nenhum poder para dá-la. E com os istrumentos q Ele nos concedeu: o Direito, moral, ética etc. nao custa nada tentar.

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  6. Verdade, mas cuidado: "Quem, de três milênios, não é capaz de se dar conta, vive na ignorância, na sombra, à mercê dos dias, do tempo."

    Johann Wolfang von Goethe.

    Fique em paz.

    Edmond Dantes.

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  7. Ainda bem que o café está legalizado!!!

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