quinta-feira, 9 de julho de 2009

Sturm und Drang, U2 e mais (...)


Esta semana tentei sair um pouco da rotina. Não escrevi sobre a morte de um ídolo, não paguei as contas do aluguel, muito menos abri o e-mail de newsletter, sempre em minha caixa de entrada. Apenas concentrei em sair da rotina.
A primeira coisa que fiz foi ir ver meu amor num dia em que ela não me esperava. Nem eu mesmo planejei isso. Força do amor.
Depois, confesso que testando uma copilação de bytes, visualizei em meu DVD player o show da banda irlandesa U2 na cidade norte-americana de Chicago. Aí não resisti: vou tomar um café e conspirar sobre filosofias.
Não estava preocupado com as letras das canções de Bono Vox, mas com as melodias que ouvindo, me fez lembrar do Sturm und Drang de Goethe, o poeta alemão marco do movimento romântico do século XIX.
Para quem não sabe, Sturm und Drang significa ímpeto e tempestade, claro, termos e vocábulos provenientes do alemão. Significa que as emoções humanas são tomadas por ímpeto, numa irracionalidade bem vinda, transformando energia racional em ação: tempestade.
E aí me pergunto: será que estamos indo ao caminho certo quando abandonamos nossos corações, a força do Sturm und Drang, e vamos pela razão, por suas trilhas, para alcançar aquilo que consideramos nossos objetivos? Naturalmente, o equilíbrio entre as forças seria o ideal, mas há algo no ser humano que diz ser divino agir com o coração. Sorrir quando a razão lhe diz fechar. Perdoar quando a razão diz brigar. Dar a mão quando a razão lhe diz abandonar. Aproximar quando a razão lhe diz que acabou.
Sei que meus leitores dirão das construções deste mundo a partir da razão. Mas a força que vem do âmago, quando o ser sente parecer explodir, essa energia não é humana, mas divina. E, por isso, talvez, preferimos a razão ao coração, uma vez que não sabemos controlar o ímpeto e a tempestade contidos em nós. E melhor controlar uma energia que não ultrapassa seus limites, restrita a equações matemáticas, isto é, a razão, a exercer aquela que necessita um pouco mais de sabedoria e controle, pois é de uma natureza que não obedece a limites: coração.
Tudo bem. Aprecio as melodias e a letra de Bono Vox. Sou razão em muitos momentos de minha existência, não neste, é claro, penso eu. Entendo que a razão pode levar a humanidade até mesmo próximo dos limites do infinito, seja onde fisicamente ele estiver. Mas sei também que, apenas pela razão, esta inteligência matemática que busca o resultado da equação, não é capaz de entender o sublime mistério contido na vida. Não é capaz de agir de maneira a abandonar a racionalidade de um conflito e dizer: fique em paz. No entanto, quando aprendermos a utilizar melhor a energia do coração, o Sturm und Drang proposto por Goethe, e controlar essa força para irmos acima do bem e do mal, perto do divino estaremos e, quem sabe, humanos deixaremos de ser.
É isso: coração, ímpeto e tempestade e Deus – deixando a razão de lado, serei mais livre para concentrar naquilo que me aproxima do divino. Eis a solução. Tomem este café, porque eu vou à casa de meu amor.
Fiquem em paz.

Por Edmond Dantes.

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