sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Café e Religião




O debate dos presidenciáveis em 2010, neste segundo turno, foi envolvido por um assunto um tanto quanto meticuloso: religião. Não querendo polemizar, mas tão somente conspirar, política e religião são institutos que, embora distintos, envolvem idealismos, crenças e poder, um conjunto de valores capazes de mover nações e derrubar impérios.

Em 312 d.C., Constantino, um político romano, às vesperas de uma guerra com Maxêncio, cuja vitória definiria o Imperador de Roma, disse ter ouvido vozes e se convertido ao Cristianismo. Venceu a guerra. Assentou-se no trono e declarou o Cristianismo a religião oficial do Império. Deu-se início à Idade Medieval, conhecida como a "idade das trevas", que perdurou aproximadamente 1000 anos, num período em que religião e política deram as mãos para derrubarem os direitos do homens e para consolidarem seus interesses.

Vejam, caros conspiradores, a crença religiosa não é um mal em si, assim como os governantes nao o são. O problema é o conluio entre ambos que, para nossa preocupação, tem sido a grande jogada dos tucanos nesta eleição. Pastores e Padres unidos para elegerem um candidato à presidência de um país laico, sem falar na petista, que navega suas propostas conforme leva a onda do céu.

Dessa forma, um assunto como a legalização do aborto é visto apenas por um ângulo, o da religião. Não se analisa benefícios, necessidade e interesse político, mas tão somente se o povo de Deus aceita ou não. E isso se estende a promessas feitas com o objetivo de angariar um "confirma" na hora da eleição.

Diante disso, as perguntas que se fazem são: Por onde andam as propostas administrativas? E as ideologias políticas - o grande precedente democrático? Onde estão as demais crenças que o Governo, cristão ou não, deverá representar? Governar é representar todos, independentemente de suas convicções, é beneficiar todos e proteger todos contra a discriminação. Como poderá esse Governo, que está sendo apresentado a nós, representar os judeus, budistas, espíritas e ateus que vivem neste país, se ele se declara cristão?

Enfim, nem tudo é tão simples como fazer café. Nesta eleição, votemos em branco, para não caírmos numa idade negra.






2 comentários:

  1. 'Como poderá esse Governo, que está sendo apresentado a nós, representar os judeus, budistas, espíritas e ateus que vivem neste país, se ele se declara cristão?'
    eis a questão, o governo se declara cristão, mas, ele realmente é?

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  2. Realmente Sara.É uma outra questão a ser levantada...
    Demagogia é o que não falta...

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