quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Exercício Teológico nº 02

Exercício teológico nº 02.


Olá leitores do Café e Conspiração. De imediato adianto minhas sinceras desculpas pelo fato de há tanto tempo não vir aqui e tomar um café. Em outras civilizações, sei muito bem disso, tal conduta seria considerada uma deselegância ou mesmo uma falta de educação. Mas, sem os exageros comportamentais de algumas sociedades, volto aqui para fazer o que deve ser feito, conspirar.
Hoje apresento o exercício teológico nº 02 em uma clara intenção de continuar meu trabalho sobre especulações divinas. Assim, quero falar sobre a força do mal e de sua origem divina.
As sociedades do mundo de uma maneira ou de outra tem seus padrões de certo e errado, de bem e mal, sendo que, na maior parte das vezes, estes parâmetros são influências das religiões, principalmente o cristianismo.
Consideramos, em nosso senso comum (lembro que o senso de Brasília é diferente), que subtrair algo de alguém é entendido como prejudicial àquela pessoa. Isso é mal, pois afeta não apenas uma pessoa mas toda uma sociedade.
No exemplo colocado acima, a ideia do furto como algo mal é ensinado nas religiões de maneira a preservar a sociedade. No entanto, porque o mal está presente no homem se considerarmos a criação obra de Deus?
A divindade quando cria o homem não coloca nele o mal, pelo menos segundo os textos bíblicos. Mas, mesmo assim, o mal adentra na constituição de ser do homem e este vem a praticar atos prejudiciais aos seus semelhantes, como o furto, por exemplo. Então o questionamento que surge é: O mal foi colocado no homem por outro Ser, da mesma magnitude de Deus e isso justificaria a presença do mal no homem, ou, Deus, como ser absoluto, também possui o mal em sua constituição e, por algum motivo, isso chega até a constituição de ser do homem?
Se o mal foi posto no homem por outro Ser da mesma magnitude de Deus, então, Deus não seria mas Deus em razão de existir outro ser com a mesma grandeza que Ele. Na verdade, se esta tese subsistir, Deus estaria em guerra com este outro Ser, em uma batalha do bem contra o mal e, neste caso, o mal estaria prevalecendo, uma vez que as iniqüidades prevalecem, na massa de pessoas presentes no mundo.
Por outro lado, se o mal está presente na constituição de Deus, pela tese da divindade como absoluta, é perceptível como então o mal prevalece sobre a outra força também presente em Deus: o bem. Se o bem e o mal são conceitos e forças inerentes a Deus, e isto justificaria a presença de ambos no homem, quantificando tais forças, o mal sai na frente em razão da preponderância do mesmo na grande massa de pessoas.
Por estas elucubrações, o mal, pelo menos entre os homens, é uma força maior que o bem e, assim, nosso destino está fadado à destruição, à iniqüidade e à injustiça. Deve ser por isso que as religiões sempre colocam, entre suas doutrinas, algo que informe sobre uma hecatombe, destruição e fins dos tempos. O homem enquanto homem nasceu para ser destruído.
Contudo, caros leitores, não entrem em depressão por este exercício teológico. Há um detalhe que vocês ainda não perceberam até agora ao longo deste raciocínio. Em toda a explanação, mencionei duas hipóteses sobre o mal e a presença dele ou não em Deus. O mal resulta na sua própria destruição, e é mais forte que o bem. O mal destrói o homem. Mas o mal não destrói Deus. O mal enquanto presente em outro Ser, da mesma magnitude de Deus, apenas terá força de destruir o homem, ou a obra de Deus, mas não o próprio Deus. O mal, enquanto força presente em Deus não o destrói, apesar de contaminar o homem e fazer com que este seja eliminado. Mas o mal a Deus não atinge. Assim fica a pergunta: a salvação seria um meio de se afastar a força do mal do homem, e alcançar a plenitude do bem, possibilitando vivenciar Deus? E, mais que isso, a salvação foi ensinada aos homens da maneira como realmente deveria ser ensinada, pelas religiões?
Tome este café.

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