Mais uma vez venho aqui
falar de política. Não que não goste do assunto. Tema também relacionado à
filosofia, a ciência política me atraí. Passar pelas leituras de Hobbes,
Maquiavel, Rousseau e Montesquieu para mim é um deleite. Mas estou no Brasil. E
sendo assim, muito prazer. Meu nome é Otário.
Por que o radicalismo,
perguntaria você, leitor. Desavisado que está, suponho, acredita ainda num país
de faz de conta, de promessas não pagas de um lado (governo) e pagadores de promessas
do outro (nós, os governados). Mas vou contextualizar para você. Tenha
paciência e logo logo entenderá. Compreenderá que não há mais o que ser feito.
São palavras e não ações. Dito isso, vamos a compreensão.
O tamanho da minha indignação é a
mesma medida que se estabelece ao caso do mensalão. Tantos anos de corrupção,
de projetos de lei aprovados na base da propina. Tantos anos de investigação,
em várias CPIs, ineficientes, procrastinadoras, verdadeiras novelas mexicanas.
Ou melhor, novelas brasileiras, de tão péssimo gosto que tem ainda um odioso
Supremo Tribunal Federal, possuidor de uma longínqua dialética, onde falou-se
de tudo e de todos. Mas não decidiram nada de fato. Decidiram sim, verdade,
utilizando os mais comezinhos argumentos jurídicos apenas para dizer o quão a
casa é justa. Decidiram aceitar mais um recurso dos mensaleiros.Um insólito
embargos infringentes.
Para quem confunde embargos
infringentes com algum produto de limpeza pode ficar tranquilo. É isto mesmo.
Só que é um detergente especial ou, melhor, extraordinário. Limpa não só a
gordura, mas todas as canalhices que o ser humano possa cometer e ainda lhe dá
um título. O de injustiçado.
Você vai ver e ouvir esse
discurso em 2014. Não sou profeta, mas apenas um leitor mais atento ao que
acontece aí fora. Os mensaleiros tornarão, mais uma vez, parlamentares, ou
homens do Poder Executivo, que aparecem em sua TV dizendo que o Brasil vai pra
frente. Pra frente do Haiti!
Muitos dirão que nosso Supremo
Tribunal agiu de modo correto, garantiu a Constituição. Muito bem, até pode
ser, que os dragões não sejam moinhos de vento. Mas fornada está pronta e a
pizza servida. Muito prazer, você também é Otário.
E aí vejo que Dom Quixote,
obra que agora estou lendo, não é muito diferente de nós, brasileiros. Enquanto
o cavaleiro de La Mancha enfrenta, em seus delírios, inimigos imaginários,
nosso povo vão às ruas acreditando que se está fazendo revolução. E até temos
um amigo que nos dá apoio, como Sancho Pança o faz em relação a Quixote. Nossa
amiga imprensa, que aplaude os manifestos sem dizer o que realmente se deseja
no meio do montim. Nós, O Povo Brasileiro, que acredita ser um bando de Che
Guevara, mas que desce do cavalo apenas de quatro em quatro anos. Não quando há
eleições e nem aumentos de vinte centavos na tarifa de ônibus. Mas quando há
Copa das Confederações no Brasil e câmeras no padrão FIFA. Aparecemos quebrando
vidraça de banco, pichando os muros da cidade e ateando fogo em ônibus e
lixeiras. Não escrevemos um manifesto e nem votamos nas pessoas certas.
Acreditamos que tudo vai mudar, que o Brasil é o 24º país mais feliz do mundo e
o que vale a pena é ser Hexa Campeão do mundo, sendo o Neymar o melhor da copa,
tudo mais não importa. O sabor da pizza também pouco importa. Já se vão mais de
oito anos sem nada acontecer em relação aos mensaleiros. E vai acontecer?
Muito prazer, seu nome é Otário.
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