quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Somos Bobos I

Futebol não é apenas um esporte. Transcende a esta situação. Futebol é cultural, como pode dizer os filósofos. Está no nosso dia a dia, nos nossos discursos e argumentos. Tanto isto é verdadeiro que o futebol tem até um vocabulário próprio, com expressões e jargões marcantes.
Quem nunca falou que treino é treino e jogo é jogo numa situação diversa do esporte bretão. Que o jogo só acaba quando o juiz apita, para muitas ocasiões na vida. Que em time que está vencendo não se mexe, para discursos inflamados de motivação. Todos esses, e muitos outros, são conhecidos do nosso cotidiano. Pois bem, o que se encaixa perfeitamente na cultura da Seleção Brasileira é um jargão que ouso usar contrariamente, inovando na linguagem futebolística. Ao invés de dizer que não tem mais bobo no futebol, falo o oposto: somos bobos!
Você já se pegou emocionado ou emocionada ouvindo o tolerável Galvão Bueno dizendo que não tem mais bobo no futebol, quando o Brasil iria enfrentar seleções como da Bolívia, Venezuela, Cazaquistão, Armênia entre outras. A fala de Galvão se adequava ao fato de que por muito tempo nós, ao menos no futebol, éramos espertos. Éramos onze. Pois é. Como o próprio Galvão, que já ouvi tanto nessa vida, nós somos bobos!
Não foi o futebol internacional que melhorou. Somos nós que pioramos. Ganhamos, é verdade, da La Roja na final da Copa das Confederações em 2013, no Maracanã. Mas a ex-Fúria estava mais preocupada com o fim de temporada de seus jogadores, as praias do nordeste, e outras “coisitas” que faz nosso país ser conhecido lá fora. Ganhamos como antes. E ontem perdemos, espantem-se, como sempre.
Perdemos para a Suíça.
Então os outros não são os outros? Não, leitores, continuam bobos. E nós, numa entropia cruel, nos tornamos bobos também. O gingante dormiu. Não temos craques. Neymar é um bom produto de marketing. Talvez por isso o Barça o comprou. A Espanha vive uma crise econômica, e os dirigentes do Barcelona sabem disso. Não adianta ter um bom produto se não é anunciado. Como o time Catalão já não figura nas finais das grandes competições européias (foi eliminado este ano pelo Bayern de Munique na Champions League), talvez Neymar, e sua variedade capilar, resolva o problema do time de ser mais visto.
Mas Neymar não é craque. Craque era Romário, Ronaldo, Rivaldo, Bebeto. Estes pegavam na bola e resolvia a “parada”. Neymar não pega na bola. Nem vou dizer o que ele anda pegando. Não é meu objetivo. Afinal, eu não quero ser bobo.
O fato é que vivemos do passado. Podemos até conquistar a Copa do Mundo, mas não vai ter brilhantismo. O Parreira pode falar que existe hierarquia no futebol, como forma de incentivar o grupo. Mas o futebol não é militarismo. Futebol é arte, coisa que esquecemos há algum tempo.
Assim, não deixem que fale para você quando a Seleção Brasileira enfrentar o Ubezquistão, com todo respeito ao povo deste país, que tal seleção não é mais boba. É boba sim. Assim como nós. E continuaremos a ser transferindo o problema para os outros, acreditando que estes melhoraram. Como numa análise socrática, o pior ignorante é aquele que ignora sua própria burrice. A Seleção Brasileira é isso. Ignora o fato de ser tola no futebol, como as outras. Em teimando esta situação, nada será alterado. Três volantes no meio de campo e três zagueiros. Luiz Gustavo e Jadson convocados. Ronaldinho Gaúcho de fora.
Somos bobos.

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