Futebol não é apenas um esporte. Transcende a esta
situação. Futebol é cultural, como pode dizer os filósofos. Está no nosso dia a
dia, nos nossos discursos e argumentos. Tanto isto é verdadeiro que o futebol
tem até um vocabulário próprio, com expressões e jargões marcantes.
Quem nunca falou que treino é
treino e jogo é jogo numa situação diversa do esporte bretão. Que o jogo só
acaba quando o juiz apita, para muitas ocasiões na vida. Que em time que está
vencendo não se mexe, para discursos inflamados de motivação. Todos esses, e
muitos outros, são conhecidos do nosso cotidiano. Pois bem, o que se encaixa
perfeitamente na cultura da Seleção Brasileira é um jargão que ouso usar
contrariamente, inovando na linguagem futebolística. Ao invés de dizer que não
tem mais bobo no futebol, falo o oposto: somos bobos!
Você já se pegou emocionado ou
emocionada ouvindo o tolerável Galvão Bueno dizendo que não tem mais bobo no
futebol, quando o Brasil iria enfrentar seleções como da Bolívia, Venezuela,
Cazaquistão, Armênia entre outras. A fala de Galvão se adequava ao fato de que
por muito tempo nós, ao menos no futebol, éramos espertos. Éramos onze. Pois é.
Como o próprio Galvão, que já ouvi tanto nessa vida, nós somos bobos!
Não foi o futebol internacional
que melhorou. Somos nós que pioramos. Ganhamos, é verdade, da La Roja na final
da Copa das Confederações em 2013, no Maracanã. Mas a ex-Fúria estava mais
preocupada com o fim de temporada de seus jogadores, as praias do nordeste, e
outras “coisitas” que faz nosso país ser conhecido lá fora. Ganhamos como
antes. E ontem perdemos, espantem-se, como sempre.
Perdemos para a Suíça.
Então os outros não são os
outros? Não, leitores, continuam bobos. E nós, numa entropia cruel, nos
tornamos bobos também. O gingante dormiu. Não temos craques. Neymar é um bom
produto de marketing. Talvez por isso o Barça o comprou. A Espanha vive uma
crise econômica, e os dirigentes do Barcelona sabem disso. Não adianta ter um
bom produto se não é anunciado. Como o time Catalão já não figura nas finais
das grandes competições européias (foi eliminado este ano pelo Bayern de
Munique na Champions League), talvez Neymar, e sua variedade capilar, resolva o
problema do time de ser mais visto.
Mas Neymar não é craque. Craque
era Romário, Ronaldo, Rivaldo, Bebeto. Estes pegavam na bola e resolvia a
“parada”. Neymar não pega na bola. Nem vou dizer o que ele anda pegando. Não é
meu objetivo. Afinal, eu não quero ser bobo.
O fato é que vivemos do passado.
Podemos até conquistar a Copa do Mundo, mas não vai ter brilhantismo. O
Parreira pode falar que existe hierarquia no futebol, como forma de incentivar
o grupo. Mas o futebol não é militarismo. Futebol é arte, coisa que esquecemos
há algum tempo.
Assim, não deixem que fale para
você quando a Seleção Brasileira enfrentar o Ubezquistão, com todo respeito ao
povo deste país, que tal seleção não é mais boba. É boba sim. Assim como nós. E
continuaremos a ser transferindo o problema para os outros, acreditando que
estes melhoraram. Como numa análise socrática, o pior ignorante é aquele que
ignora sua própria burrice. A Seleção Brasileira é isso. Ignora o fato de ser
tola no futebol, como as outras. Em teimando esta situação, nada será alterado.
Três volantes no meio de campo e três zagueiros. Luiz Gustavo e Jadson convocados.
Ronaldinho Gaúcho de fora.
Somos bobos.
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